13 de novembro de 2005

Olá meninas e meninos!!!!!!

Daqui o repórter cabo-verdiano a escrever.
Espero que estejam todos bem e que as coisas estejam em ordem por terras lusas. Como se anda a portar o meu harém? Hummm?

A chegada a Cabo Verde foi boa mas o stress da viagem durou até ao momento em que entrámos no avião. Depois de sair de Lisboa, sem dúvida que começou uma nova etapa na minha/nossa vida.
Cabo Verde??? Um local muito, mas mesmo muito diferente de tudo aquilo que conheço. Por muitas definições e histórias que me contassem, nada é comparável ao momento em que se sai daquele avião. Depois das formalidades na alfândega e de apanhar toda a bagagem, apanhámos um táxi e mergulhámos na cidade em direcção ao hotel. Depois de um par de quilómetros em bom asfalto segue-se uma centena de metros em terra batida. Voltamos ao alcatrão e pensei que agora é que estávamos no bom caminho mas... Enganei-me. Essa bela estrada de alcatrão solto, daquele que bate no fundo do carro, era nada mais nada menos, que o antigo aeroporto transformado em estrada. Transformado não; desenrascado!!!!

Aterrámos em pleno Verão. Nem faço a mínima ideia das temperaturas, mas a verdade é que está sempre muito quente.
Após o primeiro impacto com esta nova realidade, e depois de descansar da viagem, começou o trabalho. Tudo está a tomar forma. As equipas de reportagem já estão no terreno a filmar, a produtora ganha vida, o famoso “contentor” já está nas ilhas atlânticas.

Para um “Europodependente” o choque é grande mas também muito agradável. Estou a gostar de tentar adaptar-me a esta nova forma de trabalhar e viver. Pretende-se que as equipas comecem a trabalhar bem cedinho para aproveitar o sol até à última gota. Na verdade, seguir este horário será a melhor coisa a fazer porque durante o dia as temperaturas rondam sempre os 30 graus. Se juntarmos a isso as paisagens e locais desérticos que caracterizam Cabo Verde, torna-se difícil trabalhar nas horas que rondam o meio-dia. Começar cedo e acabar tarde, com uma paragem pela hora de almoço para evitar o pico do calor.

Mas se este fosse o problema, tudo era bem mais simples. A Cidade da Praia não é um local bonito. Tem os seus encantos como as zonas fortemente influenciadas pelos portugueses, fortemente marcadas pela cultura. Outras também tem fortes traços culturais, mas desta vez são os próprios cabo-verdianos que as marcam, como os mercados espalhados um pouco por todo o lado. À primeira vista o choque poderá ser grande, e até confesso que o sinto, mas depois é como embarcar num navio ao sabor do ritmo africano.

Depois temos toda uma cidade onde a comparação com aquilo que conhecemos não pode ser feita. Nem todas as ruas são alcatroadas, semáforos não existem, o lixo tem a tendência de fugir dos caixotes, os carros misturam-se com bicicletas, com as pessoas....
O ideal é esquecer a minha e nossa bela, activa e charmosa Europa. Caso contrário o sanatório do Tarrafal será o meu próximo destino.... PERMANENTE! Mas para já rumo ao Mindelo....

F

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