7 de novembro de 2006

Com a bola no coração



Há dias tive de descobrir histórias de antigos jogadores de futebol caboverdiano. Levaram-me até Luis Bastos... Para grande parte dos criolos considerado o melhor jogador de futebol do país.
Luis, irmão de Funa Bastos, foi o ponta de lança franzino e estatuto, que tantas glórias deu ao futebol nacional... e que até o Benfica mandou chamar em 66. Não ficou lá, porque não gostou.
Regressou aos jogos na Várzea, aos golos e às fintas mágicas. Aos aplausos de todos os que muitas vezes o carregaram em ombros.


Hoje, é um homem de rosto enrugado pelo tempo e pela vida, caminhando com a ajuda de uma muleta e com uma mágoa grande no coração.
O povo, que muitas vezes o aplaudiu, esquecera-se dele.
A Várzea onde tantas vezes jogou, o estádio que já teve o seu nome, hoje é lugar proibido, onde um dia lhe barraram a entrada.
Cometeu erros no passado, pagou judicialmente por eles... mas a pena maior seria para toda a vida- a indiferença do seu povo, dos governantes que reajem com ingratidão ao passado desportivo de Luis Bastos.
Apeteceu-me fazer algo- promover um movimento de solidariedade, um jogo de futebol, em honra de Luis Bastos- algo que mostrasse que o povo de Cabo Verde não é tão ingrato assim...
Lembrei-me do Maradona na Argentina- a analogia poderá parecer exagerada, mas na verdade também ele errou- e muito- cumpriu penas e no entanto sempre foi reconhecido como o grande jogador daquele país... Nunca deixou de ouvir os aplausos. As ovações no estádio...

Por isso sugiro a todos os cabo verdianos que se unam por esta causa e não deixem morrer as memórias do país no esquecimento....

Nota: O Nha Terra, Nha Cretcheu fez várias reportagens sobre desporto em Cabo Verde, incluindo antigas glórias.
Hoje e Domingo na TCV
Quinta na RTP África às 20.15 de Cabo Verde

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