Não, em Portugal não se vive a tradição das Cinzas como aqui. Mas dois anos e meio de Cabo Verde foram mais que suficientes para me "aculturar". Por isso aqui vai o relato da Quarta-Feira de Cinzas em território criolo.
Cheguei ao local da festa (leia-se, aeroporto Amilcar Cabral, no Sal), pelas 8.50 da manhã. O bilhete para o evento dizia que deviamos apresentar-nos uma hora antes do mesmo. Na mão trazia o convite com todas as informações necessárias. No título lia-se o nome da dita festa que iria preencher todo o meu dia das Cinzas
Sal 9.50 - Praia 10.45
Ao entregar o bilhete na porta a organizadora da festa (leia-se funcionária da TACV) disse-me que a mesma só deveria começar por volta do meio dia. Podia até voltar para casa, (se tivesse casa no Sal), e se o regresso não me fosse custar 1000 escudos de táxi para cada lado.
Decidi esperar ali mesmo no local, até porque já tinham chegado quase todos os convidados.
Pouco depois começou o "baile". Uma dj (leia-se, funcionária da loja de discos do aeroporto) lá foi animando as hostes desanimadas com medleys caboverdianos- Lura, Cize, Tcheka marcaram, obviamente, presença na sua escolha musical.
Fiquei "confortavelmente" sentada em frente à cabine de som (loja Harmonia) aguardando pelo meio dia, acompanhada por uma revista Visão, trazida de Portugal há já algumas semanas, mas cuja leitura ainda estava em atraso.
As 12 horas chegaram penosamente. Volto à conversa com a organização. Afinal de contas a festa já tinha começado ali mesmo, a outra parte, a que se lia no bilhete, pelos vistos tinha sido adiada para horas indefinidas.
Um imprevisto sem importância nenhuma! Estava a divertir-me imenso e agora vinha a melhor parte- o almoço das Cinzas.
Uma senha cor de rosa-choc iria dar-me direito a todas as iguarias que estão habitualmente na mesa caboverdiana neste dia que segue ao Carnaval.
A sala de jantar estava impecavelmente decorada com latas de sumos e garrafas de cerveja e uma quantidade de moscas que excedia em centenas a de convidados para o almoço.
Um prego no prato com batatas fritas e um sumo sem gás. O café seria um extra que, percebo mais tarde, teria de pagar àparte.
Nota positiva para este tradicional almoço das Cinzas, em ambiente igualmente tipico.
Pelas 14.30 são finalmente reunidos os convidados para a melhor parte da festa, que afinal era privilégio de 17 pessoas.
Felizmente fiz parte desses sortudos que entraram na zona restrita "Cabo Verde Express" e puderam viajar ao som das hélices e dos motores ruidosos até à cidade da Praia. A experiência não me dava direito a regresso mas já tinha sido demasiado arrebatadora para querer regressar.
As minhas Cinzas terminaram depois das 17 horas da tarde, entre a chegada, reunir os pertences e chegar finalmente a casa.
Foi sem dúvida uma festa memorável e só quero agradecer à organização(TACV) por me ter proporcionado um dia das Cinzas tão especial.
5 comentários:
É sempre assim, nas ligações aéreas entre as ilhas ou foi uma vez sem exemplo?
É pena, mas acontece frequentemente. Por vezes até, desmarcam-se vôos quase à ultima da hora.
Compram-se aviões novos, no entanto os problemas na TACV persistem.
Hello, como caboverdiano, convido-te desde já, com um ano de antecedencia para passares as cinzas comigo no próximo ano. Não precisa de bilhete e garanto que o som vai ser de outro reportório...
sem falar da ementa claro. veja a minha cinza em
http://sondisantiagu.blogspot.com/2008/02/cinza.html
Djinho Barbosa
Convite aceite! Acredito que com um ano de antecedência a organização será esmerada e não vão haver atrasos!
A ementa deixou-me com água na boca! Só faltam 364 dias
Ola Soraia
TACV so com bue da paxenxa!!! Eu durante uns tempos nao tive pq reclamar da tacv, ia e vinha de Sao Vicente com pouco atraso, mas ja la vao uns dez anitos... Cada vez fica pior!!!
A Gisela faz parte da ACI agora? Caras novas na empresa... Vejo-te brevemente!...
Por favor manda-me o email ou o site da pintora Misa, pode ser?
Beijinhos
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